quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Conexões obscurecidas


“Everything under the sun is in tune
but the sun is eclipsed by the moon.”
Pink Floyd - Eclipse


A percepção de nossas ligações com a história do Universo, nosso metabolismo e os ciclos da Terra, nossa função social e nosso quadro psicológico é um exercício mental, que deveria ser levado a cabo o mais frequentemente possível. Albert Einstein não poderia estar mais certo com sua célebre frase “A imaginação é mais importante que o conhecimento”. Certas conexões, por mais factuais que sejam, estão escondidas pelo efeito sinérgico que suas conseqüências manifestam. Se olharmos cada evento ou processo apenas com uma visão do macro, perderemos as sutilezas que provocam seu surgimento e desenrolar.




Muitas vezes não dispomos do conhecimento e das ferramentas necessárias para analisar determinado fenômeno: os povos antigos, por exemplo, não possuíam o conhecimento para deduzir que as nuances climáticas que determinavam a severidade das estações de chuva e seca poderiam advir de uma oscilação na pressão atmosférica no Oceano Pacífico. O processo de origem está submerso, além da superficialidade, além do banal, além do necessário à subsistência. É preciso coragem e determinação para investigá-lo. Muitas vezes é dolorido. Muitas mentes sucumbiram à procura das conexões. Com efeito, a ignorância sobre nossa conexão com o Universo é necessária à perpetuação do sistema em que estamos inseridos. De que outra maneira, senão pela ignorância induzida, acreditaríamos que o sentido de nossas vidas reside no ato de compra, que a medida de nosso valor está no tamanho de nossa conta bancária? É um conceito precário demais para ser engolido por qualquer pessoa com um mínimo de senso crítico e educação. Porém, gerações e gerações encontram-se perdidas no labirinto do entretenimento televisivo e da coerção social, ofuscadas pelas luzes do cassino e pela beleza dos modelos de beleza. COMPRE! BEBA! VISTA! SINTA! As ordens são numerosas o bastante para dissuadir qualquer pensamento próprio. E a consciência, onde fica nessa história? Inexistente... Espremida, expurgada, inválida senão pela lente das diversas instituições: sejam elas religiosas, educacionais, governamentais, etc.



Seu cérebro é o produto de um processo ininterrupto, cuja origem nosso atual sistema científico data em ~14.5 bilhões de anos. Em uma sociedade dominada pelo aroma do fatalismo, as profundas conexões do nosso ser com a totalidade do Universo são mais do que um sinal: são um chamado para reflexões sobre nossa responsabilidade perante nosso comportamento. A sociedade que agora existe, com seus dogmas e cabrestos, com suas grandes punições e culpas a respeito da sexualidade e indução à indiferença para desigualdades sociais, por exemplo, é um breve sopro na História. O esclarecimento à cerca de nossas origens, refutando a imagem criacionista e divinizadora dos seres humanos, nos impele a novos desafios e a uma imagem que transborda de responsabilidades e liberdades, novas e rejuvenescedoras. Nossa mente é a personagem principal. Nós temos poder, responsabilidade sobre ela e, principalmente, liberdade de movimento para com ela.



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